Infecção vaginal: o que é, sintomas e tratamento

As infecções vaginais estão entre os problemas mais frequentes para os quais as mulheres procuram os médicos e são identificadas principalmente em mulheres sexualmente ativas com idade entre 15 e 35 anos.¹

No entanto, a prevalência da doença varia muito em diferentes populações. Mas a candidíase vulvovaginal, em particular, é um problema significativo para mulheres de todas as idades, incluindo aquelas que não são sexualmente ativas.¹

Confira algumas das infecções vaginais mais comuns e conheça seus sintomas e possíveis tratamentos.

Vaginose bacteriana²

Trata-se do desequilíbrio da flora vaginal, onde há substituição da flora dominada por Lactobacillus por bactérias anaeróbias e facultativas, que alteram a resposta imune local, o que torna o meio vaginal imunossuprimido, portanto, mais suscetível a outros agentes infecciosos, como papilomavírus humano (HPV) e HIV.

Sintomas²

Os sintomas da vaginose bacteriana incluem:
• Corrimento esbranquiçado, branco-acinzentado ou amarelado de intensidade variável;
• Mau cheiro (“odor de peixe” ou amoniacal), que piora durante a relação sexual desprotegida e durante a menstruação.

Tratamento³

A vaginose bacteriana às vezes desaparece sem tratamento. No entanto, se não tratada, a infecção pode levar a complicações, especialmente durante a gravidez. Por isso, obter um diagnóstico profissional é fundamental para garantir que o tratamento seja bem-sucedido.

Parceiros masculinos geralmente não precisam de tratamento. No entanto, a infecção pode ser transmitida de um homem para várias parceiras sexuais mulheres.

Algumas opções de tratamento da vaginose bacteriana são através de antibióticos. Eles são eficazes em até 90% dos casos. Alguns deles que podem ser prescritos por um médico são:

• Metronidazol – comprimidos orais ou gel.
  
• Clindamicina – creme, óvulos ou comprimidos orais. É importante ressaltar que os óvulos e o creme de clindamicina enfraquecem o látex, de modo que métodos contraceptivos de barreira, como camisinhas, diafragmas e capuzes cervicais, podem ser menos eficazes durante o tratamento.
  
• Tinidazol – comprimidos orais.

Para vaginose bacteriana recorrente, os médicos podem recomendar o uso prolongado de metronidazol.

Candidíase vulvovaginal²

Esse processo inflamatório vaginal é causado pela proliferação de fungos que levam ao aparecimento de sintomas. A Candida albicans é o agente causador mais frequente (85% a 95% dos casos). Chama-se candidíase vaginal recorrente o aparecimento de quatro ou mais episódios em um período de 12 meses.

Sintomas²

Dentre os sintomas da candidíase vulvovaginal estão:

• • Corrimento esbranquiçado ou amarelado;
• • Coceira;
• • Dor ao urinar;
• • Dor durante a relação sexual;
• • Vermelhidão;
• • Inchaço;
• • Fissuras e lesões simples.

Tratamento⁴

Geralmente, são necessários medicamentos antifúngicos para se livrar da candidíase. Pode ser um comprimido por via oral, um comprimido que deve ser inserido na vagina ou um creme para aliviar a irritação.

A infecção deve desaparecer dentro de 7 a 14 dias após o início do tratamento.

Não é preciso tratar os parceiros, a menos que eles tenham sintomas.

Se fizer sexo durante o tratamento, esteja ciente de que os cremes antifúngicos podem danificar preservativos e diafragmas.

Vaginose citolítica²

É causada pelo aumento excessivo de Lactobacillus ou pela redução do pH vaginal, levando ao aparecimento de sintomas. Os fatores que a causam ainda não são conhecidos.

Sintomas²

Os sintomas da vaginose citolítica são:

• • Corrimento esbranquiçado;
• • Coceira de intensidades variáveis, que piora no período pré-menstrual;
• • Ardor;
• • Queimação;
• • Dor ao urinar;
• • Dor durante a relação sexual.

Tratamento²

Não existe um tratamento específico para essa infecção vaginal, considerando que a causa da doença não é conhecida. Recomenda-se medidas que, pelo menos temporariamente, amenizem a acidez vaginal, como o uso de duchas vaginais com bicarbonato de sódio, principalmente no período pré-menstrual.

Vaginite inflamatória descamativa²

Trata-se de um processo inflamatório intenso. Existe a hipótese de que fatores imunológicos e a deficiência de estrogênios contribuam para a doença.

Sintomas²

Os sintomas da vaginite inflamatória descamativa são:

• • Corrimento em excesso ou em quantidade moderada;
• • Desconforto acentuado;
• • Dor durante a relação sexual;
• • Ardor;
• • Vermelhidão;
• • Petéquias (pequenas manchas marrom-arroxeadas causadas pelo sangramento sob a pele) ou equimoses (rompimento do vaso sanguíneo mais superficial).

Tratamento

O objetivo do tratamento é reduzir o excesso de bactérias e o processo inflamatório.²

A clindamicina e os corticoides intravaginais têm sido utilizados, com sucesso, no tratamento da vaginite inflamatória descamativa.⁵

Essa infecção vaginal deve ser reconhecida como uma condição crônica, com bons resultados no controle dos sintomas a longo prazo.⁵

Assim, após o início do tratamento inicial, as pacientes devem ser reavaliadas, geralmente na terceira ou quarta semana.⁵

Vaginite aeróbica²

Trata-se de uma infecção provocada pela alteração da flora vaginal, com redução ou ausência de Lactobacillus e processo inflamatório de diferentes intensidades.

O quadro da paciente com vaginite aeróbia severa assemelha-se ao da vaginite inflamatória descamativa.

Sintomas²

Os sintomas da vaginite aeróbica são:

• • Corrimento vaginal, por vezes com aspecto de pus;
• • Odor desagradável;
• • Dor ao urinar;
• • Dor durante a relação sexual.

Tratamento²

Não existe um padrão para o tratamento da vaginite aeróbica. O uso de antibióticos, por via local ou oral, pode ser considerado.

Tricomoníase²

É causada pelo parasita Trichomonas vaginalis, de transmissão sexual e que tem a capacidade de absorver bactérias, fungos e vírus, transportando-os para o trato genital superior (cérvice, útero, tubas uterinas e ovários), provocando resposta inflamatória e facilitando a aquisição de outras infecções, inclusive o HIV.

Sintomas²

Os sintomas da tricomoníase incluem:

• • Corrimento geralmente em excesso, amarelado ou amarelo-esverdeado;
• • Ardor genital;
• • Sensação de queimação;
• • Dor ao urinar;
• • Dor durante a relação sexual;
• • Vermelhidão.

Tratamento²

Os esquemas de tratamento recomendados são os antibióticos metronidazol ou tinidazol. Recomenda-se nova testagem três meses após o tratamento.

É importante avisar aos parceiros sexuais para o tratamento da doença e recomenda-se fazer exames para verificar a existência de outras infecções de transmissão sexual.

Como prevenir infecções vaginais⁶

Embora cada vagina reaja ao estilo de vida de maneiras diferentes, pode-se evitar certas coisas para reduzir a chance de ter uma infecção vaginal, como:

• • Evitar produtos íntimos perfumados, desodorantes vaginais e certos produtos de higiene feminina;
• • Evitar lenços umedecidos e papéis higiênicos com fragrância ou cor;
• • Não fazer duchas vaginais;
• • Não usar roupas úmidas ou apertadas;
• • Vestir roupas íntimas de algodão e trocar roupas íntimas diariamente;
• • Lavar brinquedos sexuais e produtos sanitários reutilizáveis de acordo com as instruções;
• • Trocar absorventes a cada 4–8 horas;
• • Limpar da frente para trás após usar o banheiro para evitar que os germes do ânus entrem em contato com a vagina;
• • Em caso de alergia ao látex, evitar lubrificantes de látex e preservativos.

Em caso de dúvidas, procure orientação médica.

Referências:

• 1. NICOLLE, Lindsay E. Vaginal infections. Can Fam Physician. 1989;35:1323-1326. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2280409/. Acesso em: 21 mar. 2022.
• 2. LINHARES, Iara Moreno; et al. Vaginites e vaginoses. Femina. 2019;47(4):235-40. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/12/1046513/femina-2019-474-235-240.pdf. Acesso em: 21 mar. 2022.
• 3. BRAZIER, Yvette. What is bacterial vaginosis? Symptoms and causes. Medical News Today. 04 jan. 2022. Disponível em: https://www.medicalnewstoday.com/articles/184622. Acesso em: 22 mar. 2022.
• 4. NATIONAL HEALTH SERVICE (NHS). Thrush in men and women. 27 out. 2020. Disponível em: https://www.nhs.uk/conditions/thrush-in-men-and-women/. Acesso em: 22 mar. 2022.
• 5. LIMA-SILVA, Joana, et al. Vaginite inflamatória descamativa. Acta Obstet Ginecol Port. 2016;10(4):317-325. Disponível em: http://www.fspog.com/fotos/editor2/2016-4T/09-ar_15-00053.pdf. Acesso em: 22 mar. 2022.
• 6. ZAMBON, Veronica. What to know about vaginal infections. Medical News Today. 31 out. 2021. Disponível em: https://www.medicalnewstoday.com/articles/vaginal-infections. Acesso em: 24 mar. 2022.

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