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pH vaginal: o que é, o que o altera e sintomas do desequilíbrio da flora vaginal

05/01/2022

Manter o equilíbrio do pH da vagina é essencial para mantê-la saudável. Um pH abaixo de 7 é ácido, enquanto um pH acima de 7 é básico. O pH vaginal normal é geralmente menor do que 4,5. Quanto menor o número, mais ácido será o ambiente vaginal. Na vagina, um pH alto pode causar infecções, pois é possível que bactérias e leveduras (fungos) se desenvolvam.1

O que é pH?2

O termo pH significa potência de hidrogênio e foi criado para simplificar a estimativa de concentração de H+ (hídron, nome dos íons positivos formados a partir do hidrogênio natural) na água e nos líquidos.

A escala do pH varia de 0 a 14, representando a acidez ou a alcalinidade de uma solução em comparação com a água. A água tem pH=7 e, pelas suas características, é considerada uma substância neutra, ou seja, nem ácida nem básica, e serve de padrão de comparação para todas as soluções.

As soluções com pH entre 0 e 7 são consideradas ácidas, já as que têm o pH entre 7 e 14 são consideradas básicas ou alcalinas.

Mas o que isso significa para a região íntima feminina?3

A flora vaginal se refere às diferentes espécies de bactérias que vivem no trato genital feminino. Embora cientistas tenham identificado mais de 250 espécies bacterianas, uma microbiota vaginal saudável é formada, principalmente, por Lactobacillus, que ajudam a manter o pH vaginal saudável.

Além disso, essas bactérias produzem ácido lático, o que pode ajudar a evitar que espécies menos benéficas cresçam e colonizem a vagina.

É importante ressaltar que a flora e o pH vaginais podem variar de acordo com a raça e a genética de uma pessoa.

Qual é o pH da vagina?1

Um pH vaginal normal está entre 3,8 e 4,5. Dentro dessa faixa, o nível de pH pode ajudar a manter as infecções bacterianas e fúngicas afastadas.

Os lactobacilos vivem na vagina e secretam ácido lático e peróxido de hidrogênio, que faz com que a vagina tenha pH ácido.

O pH vaginal pode mudar ao longo da vida de uma pessoa. Geralmente é superior a 4,5 antes do primeiro período menstrual e após a menopausa e inferior a 4,5 durante os anos reprodutivos de uma mulher, a menos que uma condição ou infecção o aumente.

O que altera o pH vaginal e como equilibrá-lo

A sugestão é evitar os produtos que apresentam pH alto (alcalino) ou irritantes, como gel de banho, banho de espuma, desodorante e creme antisséptico, mesmo que adicionado à água do banho.4

São recomendados produtos de pH levemente ácido para os períodos pré-menstrual, menstrual e puerpério recente, pH próximo ao natural na pós-menopausa e pH entre 4,2 e 5,6 para outros estágios de vida.4

regulador de pH mais usado nos sabonetes íntimos femininos é o ácido láctico, pois é o ácido naturalmente presente. Assim, produtos levemente ácidos à base de ácido láctico mantêm o pH adequado da região genital e, consequentemente, mantêm o equilíbrio da pele e têm se mostrado úteis como auxiliares nas terapias contra infecções vaginais.4

Outros fatores são:4

  • • Umidade;
  • • Suor;
  • • Urina;
  • • Contaminação fecal;
  • • Método contraceptivo;
  • • Medicamentos;
  • • Secagem da pele vulvar;
  • • Produtos cosméticos;
  • • Lubrificantes espermicidas;
  • • Roupas apertadas ou absorventes higiênicos;
  • • Produtos para barbear;
  • • Depilação.4

Além disso, há outros fatores a serem considerados para prevenir a disbiose ou flora vaginal desequilibrada.

Dieta e nutrição3

Um fator importante a considerar é a dieta e a nutrição. Por exemplo, um estudo sugere que a Candida, levedura que causa infecções vaginais comuns, é altamente flexível a mudanças na dieta.

Outra pesquisa explica que o intestino e a vagina se comunicam e que as variantes bacterianas podem ser transferidas do intestino para a vagina, estimulando o sistema imunológico.

De acordo com um levantamento, dietas ricas em nutrientes, como vitaminas e minerais, estão associadas ao bem-estar vaginal, incluindo uma redução na vaginose bacteriana e no papilomavírus humano (HPV). Por outro lado, dietas deficientes nesses nutrientes e com muita gordura e açúcar têm consequências negativas na saúde vaginal.

Estresse3

Um estudo sugere que o estresse pode ter efeitos adversos na saúde vaginal. A revisão explica que os hormônios do estresse, como o cortisol, diminuem a quantidade de lactobacilos benéficos, causando inflamação e piorando os sintomas da infecção vaginal.

Para ajudar a reduzir o estresse, vale:

  • • Tentar técnicas de relaxamento;
  • • Ter tempo para meditar;
  • • Praticar atividade física;
  • • Seguir uma dieta saudável e equilibrada;
  • • Buscar apoio de um profissional de saúde mental.

Fumar3

Uma pesquisa indica que fumar tem efeito prejudicial na flora vaginal. Quando os cientistas comparam aqueles que fumam com aqueles que não fumam, eles descobriram que o tabaco parece diminuir os lactobacilos e aumentar as bactérias maléficas.

Parar de fumar pode ajudar a manter a flora vaginal saudável.

Atividade sexual3

A relação sexual pode introduzir bactérias capazes de provocar o desequilíbrio da flora vaginal, causando vaginose bacteriana. Uma razão pela qual isso pode ocorrer é que o sêmen é alcalino, o que pode prejudicar o pH da vagina.

Há mais probabilidade de desenvolver vaginose bacteriana se fizer sexo com um novo parceiro ou tiver vários parceiros sexuais. A atividade sexual também pode provocar candidíase vulvovaginal.

É importante lembrar que a vaginose bacteriana e a candidíase vulvovaginal não são ISTs (infecções sexualmente transmissíveis).

Para ajudar a evitar o desequilíbrio do pH vaginal durante a atividade sexual, deve-se usar métodos de proteção de barreira, como preservativos.

Ducha3

É aconselhado que não se faça ducha íntima, pois isso pode alterar o equilíbrio da flora e a acidez natural na vagina. Há uma ligação entre duchas e alguns problemas de saúde, incluindo vaginose bacteriana, irritação vaginal e doença inflamatória pélvica.

A vagina é autolimpante e não requer nenhum produto de limpeza. No entanto, algumas pessoas podem querer limpar a vulva usando água morna e sabão neutro e sem perfume.

Sintomas de pH alterado

O desequilíbrio da microbiota (disbiose) leva a sensações e cheiro desagradáveis e aumenta o risco de infecções.4

As duas infecções mais comuns são vaginose bacteriana e a candidíase vulvovaginal.

Sintomas da vaginose bacteriana5

  • • Corrimento branco-acinzentado;
  • • Mau cheiro (“odor de peixe” ou amoniacal) que piora durante a relação sexual desprotegida e durante a menstruação;
  • • pH vaginal maior do que 4,5.

Sintomas da candidíase5

  • • Coceira;
  • • Corrimento esbranquiçado ou amarelado;
  • • Dor ao urinar;
  • • Dor durante a relação sexual;
  • • Vermelhidão;
  • • Inchaço;
  • • Fissuras e escoriações;
  • • pH vaginal abaixo de 4,5.

Em caso de dúvidas, procure orientação médica.

Referências:

  • 1. NALL, Rachel. Vaginal pH balance: Symptoms, remedies, and tests. Medical News Today. Disponível em: https://www.medicalnewstoday.com/articles/322537. Acesso em: 16 mar. 2022.
  • 2. SOUZA, Maria Helena L.; ELIAS, Decio O.. Alterações do Equilíbrio Ácido-base. In: Fundamentos da circulação extracorpórea. 2. ed. Rio de Janeiro: Centro Editorial Alfa, 2006. Cap. 17. p. 282-297. Disponível em: https://sbcec.com.br/br/images/blog/livromariahelena.pdf. Acesso em: 17 mar. 2022.
  • 3. RICHARDS, Louisa. What to know about vaginal flora, and how to restore and maintain it. Medical News Today. Disponível em: https://www.medicalnewstoday.com/articles/vaginal-flora. Acesso em: 16 mar. 2022.
  • 4. SILVA, Denise Antonia Nunes; COSTA, José Luiz Mazzei da. A importância do sabonete íntimo feminino com foco na microbiota e nos estágios de vida da mulher. Revista Acadêmica Oswaldo Cruz. 2019;6(23). Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/40345. Acesso em: 17 mar. 2022.
  • 5. LINHARES, Iara Moreno; et al. Vaginites e vaginoses. Femina. 2019;47(4):235-40. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/12/1046513/femina-2019-474-235-240.pdf. Acesso em: 17 mar. 2022.


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