Mulher com a mão na cabeça

Vaginose bacteriana: o que é, causas e tratamento

05/01/2022

A vaginose bacteriana é o problema íntimo mais frequente entre mulheres em idade reprodutiva e a maior causa de corrimento vaginal com mau cheiro. A infecção acontece devido à redução de lactobacilos e ao crescimento de inúmeras bactérias.1

Um estudo sobre as características do microbioma de mulheres brasileiras em idade reprodutiva revelou que ocorre redução de lactobacilos e aumento do pH vaginal em 27,4% delas, estando a vaginose bacteriana presente em 79,6% dos casos.1

O que é vaginose bacteriana2

A vaginose bacteriana é um estado de desequilíbrio da flora vaginal caracterizado pela substituição dos Lactobacillus ali presentes por bactérias anaeróbias e facultativas. Embora existam variações entre mulheres, as espécies mais frequentemente encontradas são Gardnerella, Atopobium, Prevotella, Megasphaera, Leptotrichia, Sneatia, Bifidobacterium, Dialister, Clostridium e Mycoplasmas.

Essas bactérias alteram a resposta imune local, o que torna a região vaginal mais suscetível a outros agentes infecciosos, como papilomavírus humano (HPV) e HIV. A vaginose bacteriana se relaciona a diversos distúrbios do trato reprodutivo:

  • • Maior prevalência em mulheres inférteis do que férteis;
  • • Está associada ao risco de abortamento após fertilização in vitro, infecções pelo HPV e neoplasias intraepiteliais cervicais;
  • • Infecções após cirurgias ginecológicas;
  • • Aumento da taxa de infecção pelo HIV;
  • • Aumento da possibilidade de aquisição de agentes sexualmente transmissíveis;
  • • Aumento do risco de infertilidade tubária;
  • • Estudos também apontam associações com prematuridade, abortamento espontâneo, baixo peso ao nascer e endometrite pós-parto.

Causas3

A vaginose bacteriana resulta de um desequilíbrio nas populações de bactérias benéficas e nocivas que vivem naturalmente na vagina.

Um desequilíbrio pode ocorrer por vários motivos, incluindo:

  • • Fazer sexo com um novo parceiro;
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  • • Fazer sexo com vários parceiros;
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  • • Ducha;
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  • • Não usar um método de barreira, como preservativo, durante o sexo;
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  • • Estar grávida;
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  • • Recentemente usando antibióticos.
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A vaginose bacteriana geralmente se desenvolve após o sexo com um novo parceiro. Apesar de não ser uma infecção sexualmente transmissível (IST), pode aumentar o risco de desenvolver uma IST.

Sintomas2

Os sintomas são corrimento de intensidade variável, acompanhado de odor vaginal fétido (“cheiro de peixe” ou amoniacal), que piora com relação sexual desprotegida e durante a menstruação. O odor ocorre devido à “vaporização” de compostos resultantes da transformação das bactérias em contato com o sêmen ou do sangue menstrual.

Para o diagnóstico, durante o exame especular (introduz-se um espéculo no canal vaginal para avaliar a cor e aspecto da vagina e do colo do útero ou se há presença de corrimento), observa-se a secreção de aspecto uniforme, em quantidade variável, com coloração esbranquiçada, branco-acinzentada ou amarelada.

Tratamento3

A vaginose bacteriana às vezes desaparece sem tratamento. No entanto, os sintomas podem se assemelhar aos de outros problemas de saúde, como gonorreia ou tricomoníase. E, se não tratada, a infecção pode levar a complicações, especialmente durante a gravidez. Por isso, obter um diagnóstico profissional é fundamental para garantir que o tratamento seja bem-sucedido.

Essa infecção também pode aumentar o risco de complicações após uma histerectomia (cirurgia de remoção do útero) ou alguns tipos de aborto. Alguns médicos recomendam o tratamento a todos que realizam esses procedimentos, independente de apresentarem sintomas de vaginose bacteriana.

Parceiros masculinos geralmente não precisam de tratamento. No entanto, a infecção pode ser transmitida de um homem para várias parceiras sexuais mulheres.

Algumas opções de tratamento da vaginose bacteriana são:

Medicação antibiótica3

Os antibióticos são eficazes em até 90% dos casos de vaginose bacteriana, mas a condição geralmente volta dentro de algumas semanas.

Abaixo estão alguns medicamentos antibióticos que um médico pode prescrever para BV.

Metronidazol3

O metronidazol é o tratamento antibiótico mais comum para essa infecção. Está disponível nas seguintes formas:

Comprimidos orais: devem ser tomados duas vezes ao dia por 7 dias. Os médicos consideram o tratamento com comprimidos mais eficaz, especialmente se a pessoa estiver amamentando ou grávida.

Gel: Uma pessoa aplica este gel na vagina uma vez por dia durante 5 dias.

Clindamicina3

A clindamicina é um antibiótico alternativo. Pode funcionar se o metronidazol não for eficaz ou se a infecção se repetir.

Creme: é o tratamento de primeira linha e deve ser aplicado dentro da vagina. Isso deve ser feito antes de dormir, durante 7 dias.

Óvulos: devem ser inseridos na vagina antes de dormir, durante 3 dias.

Comprimidos orais: devem ser tomados duas vezes ao dia por 7 dias.

É importante ressaltar que os óvulos e o creme de clindamicina enfraquecem o látex, de modo que métodos contraceptivos de barreira podem ser menos eficazes durante o tratamento.

Alguns desses métodos são:

  • • Preservativos de látex;
  • • Diafragmas;
  • • Capuzes cervicais.

Tinidazol3

Tinidazol é outro antibiótico que pode tratar vaginose bacteriana caso o metronidazol não funcione ou se a condição se repetir.

Comprimidos orais: devem ser tomados em uma dose de 2 g uma vez por dia durante 2 dias ou em uma dose de 1 g uma vez por dia durante 5 dias.

Tratamento para vaginose bacteriana recorrente3

Para sintomas recorrentes, os médicos podem recomendar o uso prolongado de metronidazol. Se for ineficaz, pode ser prescrito o gel vaginal de metronidazol por 10 dias ou duas vezes por semana durante 3 a 6 meses.

Como prevenir3

Não há um jeito garantido de prevenir a vaginose bacteriana, pois as causas exatas ainda não são tão conhecidas. No entanto, algumas estratégias podem ajudar a reduzir o risco:

  • • Usar método contraceptivo de barreira, como um preservativo, durante o sexo;
  • • Evitar ducha íntima;
  • • Evitar banhos de espuma perfumados;
  • • Não usar sabonetes perfumados ou desodorantes vaginais;
  • • Lavar roupas íntimas com detergentes suaves.

Em caso de dúvidas, procure orientação médica.

Referências:

  • 1. CARVALHO, Newton Sergio de; et al. Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: infecções que causam corrimento vaginal. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2021,30(Esp.1):e2020593. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1679-4974202100007.esp1. Acesso em: 21 fev. 2022.
  • 2. LINHARES, Iara Moreno; et al. Vaginites e vaginoses. Femina. 2019;47(4):235-40. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/12/1046513/femina-2019-474-235-240.pdf. Acesso em: 21 fev. 2022.
  • 3. BRAZIER, Yvette. What is bacterial vaginosis? Symptoms and causes. Medical News Today. 04 jan. 2022. Disponível em: https://www.medicalnewstoday.com/articles/184622. Acesso em: 23 fev. 2022.


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